Você sabia que o inverno em Manaus está chegando? Esse período, conhecido como "inverno amazônico", ocorre de dezembro a maio e é marcado por chuvas intensas e quase diárias, e representam cerca de 65% a 70% da precipitação anual. Apesar do nome, o inverno amazônico não traz temperaturas muito baixas, mas sim um aumento significativo nos volumes de chuva e umidade, impulsionados por fenômenos climáticos. Esse clima singular é fundamental para a biodiversidade da Amazônia, mas também favorece o desenvolvimento de condições que impactam diretamente a saúde da população.
O clima equatorial da Região Norte cria condições ideais para o aumento de doenças como malária, leptospirose e arboviroses, como dengue, zika, chikungunya e oropouche. O período das chuvas favorecem o surgimento de criadouros naturais dos mosquitos, enquanto a urbanização desordenada e a falta de saneamento básico agravam o problema, impactando especialmente comunidades periféricas e ribeirinhas. Em 2024, segundo o Ministério da Saúde, os Estados da região Norte registraram mais de 65 mil casos prováveis de arboviroses, com o Pará liderando com mais de 22 mil casos, já no Amazonas os casos chegam a mais de 11 mil.
Especialistas acreditam que a combinação de medidas preventivas já utilizadas com soluções inovadoras é essencial para enfrentar o desafio das arboviroses. Com essa visão, a Região Norte torna-se estratégica para estudos de novas tecnologias considerando as condições climáticas específicas além da complexidade do bioma amazônico. Um exemplo promissor é a Biotraps, uma armadilha biodegradável para combater os mosquitos Aedes aegypti que une sustentabilidade e eficácia. Estudos preliminares realizados em Itacoatiara, no Amazonas, demonstraram o potencial que as Biotraps possuem na redução de população destes vetores, destacando-se como uma importante ferramenta e ecologicamente responsável no combate às arboviroses.
“Nós submetemos o desafio dessa armadilha em condições de campo e os estudos preliminares apontaram que a armadilha foi eficiente e conseguiu reduzir a população do mosquito Aedes aegypti nas áreas de estudo. Já submetemos o produto em órgãos reguladores brasileiros e em breve a Biotraps chega ao mercado como uma opção sustentável para auxiliar nesse combate", afirma Cristiano Fernandes, consultor e diretor técnico da Biotraps Brasil.
Concluir a luta contra as arboviroses requer o envolvimento de todos. No entanto, é importante destacar o papel da população no combate aos mosquitos evitando locais que acumulem água nas residências. A Prefeitura de Manaus, por exemplo, acaba de lançar uma nova campanha de conscientização sobre a dengue e de eliminação dos criadouros de mosquito, com potencial crescimento no uso dos novos recursos sustentáveis.
As novas campanhas alertam sobre as mudanças climáticas e os novos desafios que podem ser superados por meio de políticas públicas que priorizem inovações no controle de vetores. Cada ação contribui para reduzir o impacto dessas doenças e transformar a saúde pública em regiões como a Amazônia, garantindo um futuro mais saudável e sustentável.
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