As mudanças climáticas estão ampliando as áreas com a presença do mosquito Aedes aegypti em regiões antes consideradas hostis ao seu ciclo de vida. Esse fenômeno, impulsionado pelo aquecimento global gerada pelas mudanças nos padrões climáticos, representa um desafio crescente para a saúde pública global.
Expansão Global
Américas: A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) alerta para o risco de dengue para cerca de 500 milhões de pessoas. Em países como México e Guatemala, houve o registro alarmante do aumento no número de casos em 2024, quando comparados ao mesmo período do ano anterior. Até mesmo regiões como Canadá e estados mais frios dos EUA registraram surtos locais.
Europa e Ásia: Países do sul da Europa, como Espanha e França, enfrentam surtos inéditos de dengue devido ao aumento das temperaturas. Áreas montanhosas da Ásia e locais em países como Paquistão e Afeganistão também relatam novas transmissões.
Cenário Brasileiro
No Brasil, o aumento das temperaturas e eventos climáticos extremos estão alterando o padrão de distribuição do mosquito. Áreas antes protegidas pelo clima frio estão cada vez mais vulneráveis:
Sul do Brasil: Estados como Paraná e Santa Catarina têm registrado aumento significativo de casos de arboviroses. Essas áreas, antes consideradas de menor risco devido ao clima mais frio, agora estão mais suscetíveis, principalmente durante períodos mais quentes e chuvosos.
Centro-Oeste e Sudeste: O calor persistente em regiões como Mato Grosso e cidades de maior altitude, como Belo Horizonte, facilitam a proliferação do mosquito, ampliando os períodos de risco.
Interior do Nordeste: Regiões semi áridas da Bahia e adjacências estão sofrendo com o aumento do mosquito devido ao armazenamento inadequado de água durante os períodos de seca.
A influência da temperatura interfere diretamente no ciclo de vida dos mosquitos bem como no ciclo do vírus também no vetor e temperaturas médias de 30 °C favorecem a propagação das infecções pelo vírus dengue. No entanto, surtos ainda podem ocorrer em locais com picos de até 35 °C. A combinação de chuvas intensas, secas prolongadas e aumento da urbanização criou ambientes propícios para criadouros em áreas antes protegidas por condições climáticas mais adversas.
Ref: Mongabay. Os dois primeiros mapas acima mostram a potencial incidência do mosquito Aedes aegypti no mundo em dois momentos do século 20 (de 1902 a 1931 e de 1987 a 2016); no mapa inferior, as áreas avermelhadas revelam a diferença entre um e outro, ou seja, onde o inseto proliferou ao longo do tempo. Imagem: Liu-Helmersson et al., https://doi.org/10.3389/fpubh.2019.00148
Governos e organizações internacionais têm adotado medidas para mitigar o impacto das arboviroses, como monitoramento, saneamento básico e campanhas de conscientização. No Brasil, o Ministério da Saúde lidera iniciativas nesse sentido. No entanto, é igualmente crucial integrar ações como o uso de tecnologias sustentáveis, como as armadilhas Biotraps, que oferecem uma solução prática e ecológica para combater o Aedes aegypti. Esse esforço precisa estar alinhado à redução de emissões de carbono e à preservação ambiental para enfrentar os impactos mais amplos das mudanças climáticas.
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